quarta-feira, 18 de junho de 2008

Brecht... is the Best!!

Eu, Bertolt Brecht, nasci nos negros bosques.

No colo de minha mãe me fui para a cidade grande

Ainda pequenino. Mas o frio dos bosques

Enquanto eu viver hei de sentir.



Na cidade de asfalto sinto-me à vontade.

Munido desde o início de todo sacramento

De morte: jornais, fumo e aguardente.

Sou preguiçoso e desconfiado, mas feliz.



Mostro-me amigo dos homens. Como eles

Também uso chapéu-coco.

E digo: são bestas de cheiro singular.

Mas retruco: que importa? No fundo, também eu.



Por vezes, de manhã, nas cadeiras vazias de meu quarto

Uma mulher eu ponho a balançar-se.

Mas as contemplo indiferente e digo:

Pois bem, comigo é que vocês não vão contar.



À tarde reúno à minha volta os homens.

Chamamos-nos um ao outro: Gentleman.

Eles descansam os pés em minha mesa

E dizem: vai melhorar. E eu nem pergunto quando.



Na bruma da manhã mijam os abetos,

Seus parasitas, os pássaros, começam a gritar.

É a hora em que no bar eu esvazio o copo, jogo fora

O cigarro e adormeço inquieto.



Temos vivido, nós, volúvel casta,

Em casas que julgamos indestrutíveis

(Assim é que construímos os arranha-céus de Manhattan

E as delicadas antenas que divertem o Atlântico).



Dessas cidades restará: o vento que as perpassa!

A casa alegra o guloso: ele a esvazia.

Sabemos ser efêmeros.

E depois de nós haverá… nada digno de nota.



Nos futuros terremotos eu espero

Não venha a apagar-se o meu cigarro por causa da amargura.



Eu,Bertolt Brecht, atirado às cidades

Desde os negros bosques, no colo de minha mãe, em

Tenra idade.



Balada escrita em 1921

2 comentários:

Kleber Bordinhão disse...

Seu blog é um conta-gotas
de post em post
me pinga cultura.

=***

Anônimo disse...

a cada 100 anos deveria nascer um brecht... talvez eles até nasçam, mas por onde andam, não é?

saudades.

abraço!