sábado, 13 de dezembro de 2008

O Louco

Tem gente que me pergunta como foi que enlouqueci. Foi assim: certo dia, muito antes dos deuses nascerem, acordei de um longo sono e descobri que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu tinha feito e usado durante 7 vidas - e saí correndo sem máscara alguma pelas ruas apinhadas de gente, gritando:
- Ladrões, ladrões , malditos ladrões!
Os homens e as mulheres riam, mas alguns correram para casa com medo de mim.
E, quando cheguei a praça do mercado, uma jovem que estava no terraço de uma casa gritou:
- É um louco!
Ergui os olhos para ele e o sol beijou meu rosto nu pela primeira vez. Pela primeira vez o sol beijou meu rosto nu e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não quis mais saber de máscaras. E gritei, como se estivesse em transe:
-Abençoados, abençoados os ladrões que roubaram minhas máscaras!

Foi assim que enlouqueci.
E encontrei liberdade e segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aqueles que nos compreendem nos escravizam de algum modo. Mas não quero ficar orgulhoso demais de minha segurança. Nem na cadeia um ladrão esta a salvo de outro ladrão.


Gibran Khalil Gibran



roubado na *cara-dura* do orkut da minha querida Meri L (Janis Joplin)