terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Para Iggy

Bem sabe que o curso que escolheu é maravilhoso. É o que escolhi tb um dia, e espero sinceramente que vc o termine, coisa que eu, rssssss, não fiz. Iggy, estas palavras de Rilke são tudo o que desejo para vc neste início:




"Sua vida, a partir desse momento, há de encontrar caminhos próprios. Que sejam bons, ricos e largos é o que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir."


By
Rainer Maria Rilke
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*cartas a um jovem poeta*

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

ótimo som!

arre!!

Não aceito ter que ser o que querem que eu seja. Vivo o que quero, acredito no que me mantém. As vezes a tecnologia nos mantêm prisioneiros, outras vezes nos liberta demais... outras vezes nos dá uma sensação falsa de liberdade... aah! E que bom é sentir isso!
Que bom é sentir! Fora com esse “pensar técnico”, que se tornou a temporalidade do “nosso” pensar, onde se confunde o tempo com a medição mecânica do relógio! Não podemos pensar história sem ter que desmontar todo o sistema instaurado como conseqüência lógica dessa temporalidade e das suas “despoliticidades”, pois não há temporalidade fora de uma visão política de mundo, fora dos quadrantes de significado de uma sociedade...

Fragmento

Perfumes, cores, sons que se correspondem...
Sensações, atos, palavras que se tocam...
Merece a razão tanta honestidade para que possamos mantê-la em equilíbrio constante..?
Se sim, pra que manter o equilíbrio se entre céu e terra flutuamos, visto que somos anjos?
rs... isto me lembra um belo poema de Brecht.

(Lendo Correspondences, de Charles Baudelaire...)

2 maçãs

Eu me deparei com a dúvida do que é ser humano.
Não encontrei raízes semióticas para reforçar o fundamento da criatura que carrega a pecha de animal racional.
Um único olhar pelos últimos séculos, demonstra que
sentimentos menores conduzem a humanidade.
A falha teológica em se acreditar num ser trino, mesmo que em forma de dogma , nos conduz ao parecer metafísico da dualidade do ser humano que não condiz com o que nos elucida as ciências modernas.
Separar o corpo do espírito, como se fossem duas metades, é um simples arraigado sentimento de maniqueísmo , onde bem e mal conflitam os quereres do equilíbrio.
Estendo o raciocínio para a amplitude do universo, nos
deparamos com um ser “todo poderoso”, onisciente, onipresente e onipotente que
tudo pode, sem nos legar um mínimo de justificativa. Que habita um plano exclusivo, e sequer seu rosto pode ser contemplado por meros seres humanos,
mas com total inferência sobre a matéria.
Ora, se a inferência é sentida,
logo, pode ser medida, quantificada, e reproduzida. É uma lei universal.
Toda ação mensurada pode ser reproduzida,
programada. Se descobríssemos como opera Deus, poderíamos duplicar suas ações,
e se seus desígnios são um mistério, já podemos estar no limiar de sua criação sem saber.
O próprio ato de pensar, é uma maravilha sem precedentes. O fato de
lembrarmos , até mesmo o que não pensamos, nos indica que de posse do
conhecimento, somos capazes de emular qualquer atividade.
É bom divagar pelo ato da criação universal. Perceber a mecânica celeste, uma construção
tão perfeita, tão gigantesca, que é impossível ser reproduzida pelo
conhecimento atual, mas com esforço isolado de alguns homens, seus meandros são postos à lume. Retorno aqui, ao arquétipo da árvore do bem e do mal.

Uma fruta, a maçã,
ofertada como prova de arrogância humana
(ah, vale lembrar que arrogância, nessa acepção, remonta ao conceito latino de AB, prefixo de negação, afastamento, ROGARE, suplicar, pedir. Arrogância tem por definição: não pedir, não suplicar. Buscar por si só) Duas vezes a maçã, tem papel de fundamental importância no
conhecimento humano. Na exegese bíblica a maçã é usada figurativamente como símbolo de liberdade. Avançando alguns séculos, nos encontramos no Jardim de Newton, pai da física moderna, que acreditando ou não na lenda do Éden, com uma maçã nos deu ligames para a liberdade da Terra. Sim, é um contra-senso, a descoberta da gravidade que traz tudo para à Terra, ser a mesma força que nos impulsiona para o espaço, céu, paraíso - se
quiser assim.
Recoloque suas idéias ao nível do espanto, e jogue algo para o alto, acompanhe o movimento descendente . O que depreende disso tudo?
Uma lei universal obriga a tudo o que sobe descer, mas se vencida esse lei, há um universo a se galgar. Qual o sentido de uma lei universal, amplamente percebida, sentida, em níveis terrestres, mas sobremaneira inútil quando se desliga da terra? Qual
a validade de uma lei que só pode ser aplicada a prisioneiros da gravidade ?
qual é a de um Deus que cria leis diferentes para diferentes
situações?

Se são desígnios celestes, além do parco conhecimento que possuo, ou algo
aquém do espiritual, eu me conluio à dúvidas, questionamentos, ceticismos e
tudo o mais que o pensar-razão nos pode ofertar.
Se dizendo ter certeza da existência de um ser poderoso, o ser humano já é capaz de
tais atrocidades , fico imaginando o que fariam se a certeza fosse da ausência total de Deus. Tudo se permite na presença de Deus! O que poderia acontecer na ausência de Deus para as pessoas? Ah, é cansativo ler o óbvio.
Vou resumir: Jardim do Éden e maçã. Jardim de Newton e maçã.
Originalidade é só com Deus?? Deus é um só?? Deus é? Na vida real acontecimentos se duplicam, multiplicam. (Percebi há tempos que eu sou único. Não há ninguém igual a mim.)
Silogismo de Sócrates.

Cada ser humano é único.

(Deus é único?)

Somos deuses em construção?

sem pensar!

Notei que você se parecia com alguém que eu amei muito, e por isso uma idéia irresistível entrou-saiu de meu cérebro doente. Realizei-a imediatamente. Imaginei que eram os primeiros tempos de amor, e meu amor ia, de vez em quando, visitar-me às escondidas. Eram dias de festa para o meu quarto. Chegavam flores, acendia-se o fogo alegremente. Era tudo nupcialmente enfeitado para a recepção do meu amor. Muitas vezes eu ficava olhando para ele, sentada no chão, próxima, durante as horas silenciosas em que nossas mentes se falavam. Via-o como a um Merlin - ele, a transformar em paraíso o pequeno espaço solitário em que tantas vezes eu chorara. Estávamos ali, no meio de todos aqueles livros, de todas aquelas frases não ditas espalhadas, de todos aqueles móveis que mobiliavam minha alma.
Mas então eu o perdi. Depois disso a lembrança de meu amor não cessavam de me perseguir; tiravam-me o sono. Meus livros, minhas paredes, me falavam dele. Eu não podia suportá-los. Minha cama expulsava-me para a rua. Eu tinha medo quando não chorava. Então me tornei um escombro.
Mas os dias passam...
Nos escombros do meu eu –eu disse o que restava, mas você quis e foi pra lá que levei você.
Lembra..? Pedi-lhe que se sentasse de costas voltadas para mim. Pedi que ficasse em silêncio. Depois, arrumei o quarto, como outrora para meu amor. Coloquei as coisas no mesmo lugar em que me lembrava de terem estado. Geralmente, em todas as nossas idéias de felicidade, há uma certa recordação que domina: um dia, uma hora que superou todas as outras... Depois de tudo arrumado, acendi bem o fogo e, sentando-me sobre o calcanhares, começou a enervar-me um desespero sem limites. Desci até o fundo do meu coração, para senti-lo torcer-se, comprimir-se. Lembrei de uma música e murmurei sua melodia...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

a liga extraordinária

maravilhoso... um tédio de filme para muitos, mas eu adorei. e daí?
curiosidades, pra c0ompreender algumas coisas não ditas...rs!

- Os personagens literários de A Liga Extraordinária são: Allan Quatermain ("As Minas do Rei Salomão", de H. Rider Haggard), Mina Harker ("Drácula", de Bram Stoker), Henry Jekyll e Edward Hyde ("Dr. Jekyll e Mr. Hyde", de Robert Louis Stevenson), Rodney Skinner ("O Homem Invisível", de H.G. Wells, porém, uma observação aqui, antes que algum chato maldito se manifeste: O nome correto do Homem Invisível no livro de H.G. Wells é Sr. Griffin, e na Graphic Novel foi batizado de Hawley Griffin, mas este teve que ser alterado em A Liga Extraordinária devido a problemas com direitos autorais.), Capitão Nemo ("20.000 Léguas Submarinas", de Julio Verne), Dorian Gray ("O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde), Tom Sawyer ("As Aventuras de Tom Sawyer", de Mark Twain) e Professor James Moriarty ("The Final Problem", de Arthur Conan Doyle).



- O design da máscara do fantasma é uma citação a "O Fantasma da Ópera", de Gaston Leroux.

- O personagem M, interpretado por Richard Roxburgh, é uma alusão ao personagem de mesmo nome da série de aventuras de James Bond, escritas por Ian Fleming.

- O personagem Tom Sawyer não está presente na graphic novel de Alan Moore e Terry O'Neill que serviu como base para A Liga Extraordinária. Sua inclusão foi decidida pelos produtores do filme, de forma a ter em cena um personagem famoso da literatura norte-americana, que pudesse atrair mais público no mercado interno, ou seja, malditos americanos...

- As cenas do filme situadas em Londres foram na verdade rodadas em Praga, na República Tcheca.

- Quando a Liga está em Paris seus integrantes passam por um muro onde está um pôster, anunciando a proximidade do Carnaval. Neste pôster são visíveis dois nomes, Dr. Alan Moore e Dr. Terry O'Neill. Ambos são os criadores da graphic novel em que A Liga Extraordinária foi baseado.

- A revista que aparece na mesa de Allan Quatermain é "The Strand", onde Arthur Conan Doyle publicou as primeiras histórias de Sherlock Holmes.

putz... alan moore é malucão, mas seu enredo manda bem.

Poesia de Lau Siqueira

Internet é uma coisa foda...


Meio do mundo



Essa coisa monótona que te faz ver tudo da mesma forma... tempo não é. O tempo gira na direção dos ventos que te levam.

O tempo é um círculo.

Amanhã, é uma palavra velha. Bolha diluída no primeiro olhar do Sol. E já que estou vendendo o suor dos ossos, quero a solidariedade da alma. Que deposite, então, seu sêmen nos redutos futuristas.

Mas, como abandonar essa calma libertária diante das botinas sociais do homem? Vivo a empinar palavras, para depois soltá-las: pássaro...

Vejo pela janela o escuro da cidade, com seus telhados vermelhos, lâmpadas, antenas e sistemas.

Quando um dia sumir no dorso de um hiato, nenhuma lembrança seguirá comigo. Lembranças são elos de quem fica.

Então, espalho poemas.

(...)

in:
http://www.lausiqueira.blogger.com.br/2004_02_01_archive.html

No caminho...

COM MAIAKÓVSKI!!


"Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão

é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!"


Eduardo Alves Costa escreveu *No caminho com Maiakóvski* nos anos 60. Maravilhoso... ganhei da D. Cleusa quando fiz 18 anos. Saudade do tempo em que eu ganhava livros, hoje eu os compro, mas parece que não tem a mesma magia... rsssssss